Divagando Devagar

Divagações ocasionais de uma mente reflexiva.

Vivendo e Aprendendo 25 novembro, 2009

Filed under: Rotineiras — INEFFABILE @ 6:17 pm

Quando eu era bem mais nova, eu não imaginava que gostaria de ser professora, até o dia em que participei e coordenei um programa de educação ambiental. Como educadora, ao mesmo tempo em que era aluna do curso de graduação em Ciências Biológicas, descobri que sentia prazer em ensinar e em ver o povo aprender. Eu lembro que foi uma descoberta muito gostosa, na senda do processo ensino-aprendizagem, como professora-pesquisadora e estudante.

Depois da universidade trabalhei como professora do ensino secundário, pré-universitário e da Marinha Mercante do Brasil. Vivenciei experiências muito marcantes e vibrei euforicamente com cada vitória que vi um aluno meu alcançar. Organizei aulas práticas em laboratório e no campo, aprendi com os meus erros e tinha sempre como objetivo me superar a cada nova aula.

Em 2002 deixei de dar aulas para me tornar estudante em tempo integral novamente, desta vez como aluna de um curso de mestrado. Naquela época eu já almejava cursar um doutorado depois do mestrado, pois estava convencida de que queria seguir uma carreira acadêmica e me tornar professora universitária. Eu achava que tinha “o dom de ensinar” e, sobretudo, adorava dar aulas.

Depois do mestrado me mudei para a Inglaterra e esperei um bom tempo até que pudesse dar aulas de novo. Já mencionei aqui no blog várias vezes que trabalho como professora substituta em escolas secundárias na região onde vivo. O que não mencionei antes é que aqui quanto mais eu dou aulas, menos eu gosto de ser professora. Dar aula não é sinônimo de ensinar. Quando o aluno não aprende não há processo de ensino-aprendizagem e portanto para mim não há graça alguma em trabalhar como professora. Eu  sou contratada por escolas públicas sustentadas por conselhos regionais. Cada dia de trabalho em uma dessas escolas é um desafio diferente, que normalmente envolve problemas disciplinares dos alunos. Nas salas de aula não faltam jovens delinqüentes, revoltados, agressivos, drogados e problemáticos em geral. É claro que há muitas exceções, com alunos adoráveis e dedicados, mas na maioria das vezes, pelo menos na minha experiência diária, as situações difíceis superam as agradáveis.

Amanhã darei aula pela terceira vez na universidade onde curso doutorado, no curso de Biologia Marinha. Lá sim eu sinto prazer em ensinar. Não rolam problemas com maluquices de alunos. Eles estão lá para aprender e para cobrar um bom ensino por parte dos professores. Eles pagam caro pelo curso e desejam receber em retorno uma boa aula. O meu desafio lá é outro: eu preciso ter um conhecimento avançado sobre o assunto abordado, afinal aluno universitário quer se profissionalizar e depende em parte das aulas para se tornar um profissional.

Eu não sei mais se tenho talento para ensinar ou mesmo se quero seguir como educadora. Só sei que o emprego ideal para mim seria aquele totalmente isento de estresse emocional, com um bom salário no final do mês e acima de tudo com prazer, bastante prazer.