Divagando Devagar

Divagações ocasionais de uma mente reflexiva.

Recordar é se dirvertir III 20 maio, 2008

Filed under: Contos D'outra Vida — INEFFABILE @ 11:32 am

Continuo ouvindo diariamente a minha compilação de músicas dos anos 80 – não, não estou obsecada; estou estudando!

A minha mente analítica não quer deixar escapar detalhes novos.

Tenho percebido nos últimos dias que havia também naquela época um movimento diretamente oposto ao do “bairrismo”, que identifiquei em algumas canções (deve haver outra palavra para definir melhor o que eu chamo de bairrismo).

Em “Lugar Nenhum” dos Titãs, a letra de Arnaldo Antunes mostra um desapego rebelde, bem indiferente e anárquico, claro:

“Não sou brasileiro/ Não sou estrangeiro/ Não sou de nenhum lugar/ Sou de lugar nenhum/ Sou de lugar nenhum/ Não sou de São Paulo/ Não sou japonês/ Não sou carioca/ Não sou português/ Não sou de Brasília/ Não sou do Brasil/ Nenhuma pátria me pariu/ Eu não tô nem aí/ Eu não tô nem aqui”

Os sentimentos de transitoriedade, de impermanência e de urgência são bem claros nas letras de “A Revolta do Dândis I e II”, dos Engenheiros do Hawaii:

“Eu me sinto um estrangeiro/ Passageiro de algum trem/ Que não passa por aqui/ Que não passa de ilusão…” (ARDD I)

“Há tão pouca diferença e há tanta coisa a escolher…/ Há tantos sonhos a sonhar, há tantas vidas a viver…/ Nossos sonhos são os mesmos há muito tempo/ Mas não há mais muito tempo pra sonhar…” (ARDD II)

E o tempo…

O ‘tempo’ – perdido, restante, futuro, passado – talvez nunca tenha estado tão presente no consciente das pessoas. Afinal, era ‘o tempo’ para mudar o mundo, para não repetir os erros do passado, para fazer diferente, para aproveitar a vida, pois ela é curta e incerta…
O tempo era uma questão urgente e acho que o papel das músicas daquela época era de incentivar as pessoas a aproveitarem o tempo ao máximo, a curtirem a vida!

Com diferentes abordagens sobre o tempo, identifiquei algumas canções na minha coletânea que demonstram a importância de viver bem hoje, porque a vida é transitória…:

 

Tempos Modernos (Lulu Santos):

“Hoje o tempo voa amor/ Escorre pelas mãos/ Mesmo sem se sentir/ E não há tempo que volte amor/ Vamos viver tudo que há pra viver/ Vamos nos permitir…’
(a minha favorita da sessão ‘tempo’)

 

Tempo Perdido (Legião Urbana)

“Todos os dias quando acordo/ Não tenho mais/ O tempo que passou/ Mas tenho muito tempo/ Temos todo o tempo do mundo…/ Temos nosso próprio tempo…/ …Nem foi tempo perdido/ Somos tão jovens…”

 

Envelheço na Cidade (Ira!)

“Mais um ano que se passa/ Mais um ano sem você/ Já não tenho a mesma idade/ Envelheço na cidade…”

 

Tudo Pode Mudar (Metrô)

“Que no balanço das horas/ Tudo pode mudar…/ Eu acho que ele não vem/ Ele não vem não!/ Ou será que virá?”

 

Sobre o Tempo (Nenhum de Nós)

“O passado está escrito/ Nas colunas de um edifício/ Ou na geleira onde um mamute foi morrer/ O tempo engana aqueles que pensam/ Que sabem demais que juram que pensam/ Existem também aqueles que juram sem saber/ O tempo passa e nem tudo fica/ A obra inteira de uma vida…”

 

 

 

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